Neste tempo em que exaltamos, com razão, a simplicidade e humildade de nosso Santo Padre, o Papa Francisco, convém lembrar a humildade de nosso Papa emérito, que tão bem soube guiar a "Barca de Pedro" pelos mares tempestuosos deste mundo relativista e anti-cristão.
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Mirticeli Medeiros, jornalista da Canção Nova, durante encontro com o Papa Bento XVI, em setembro de 2009, em Castel Gandolfo |
Quem diria que aquele velhinho, o qual, todos
os dias, com sua maleta, fazia o trajeto de seu apartamento até o trabalho, a
pé, tornar-se-ia o 265º Papa da Igreja Católica?
Creio que, para muitos, especialmente para aqueles que moravam em Roma, foi uma surpresa vê-lo na sacada central da Basílica de São Pedro, em 19 de abril de 2005, após um dos Conclaves mais rápidos da história – tão rápido quanto o do nosso Papa Francisco.
Creio que, para muitos, especialmente para aqueles que moravam em Roma, foi uma surpresa vê-lo na sacada central da Basílica de São Pedro, em 19 de abril de 2005, após um dos Conclaves mais rápidos da história – tão rápido quanto o do nosso Papa Francisco.
Ratzinger disse, em entrevista, nunca ter almejado cargos na Igreja e nem mesmo visado os “holofotes”, mas afirmou também estar à disposição desta mesma Igreja diante de uma necessidade. No entanto, mal saberia ele que, tamanha disposição e desapego, o levaria à Sé de Pedro.
Um Papa que, em sua infância e
adolescência, viu os horrores da guerra, foi obrigado a deixar o seminário para
alistar-se e, neste tempo tão doloroso, foi alvo de chacotas entre os soldados
de Hitler, porque alimentava um imutável e concreto desejo: ser
padre.
O Pontífice que, quando ainda cardeal,
ao ser convocado por João Paulo II para transferir-se para Roma, sentiu a dor de
deixar sua terra natal, a ponto de querer expressar visivelmente uma vida de
simplicidade e renúncia: “Tudo o que tinha era apenas uma mala, alguns livros e
o necessário”, ressaltou.
Um homem que fez questão de
cumprimentar cada um dos vizinhos do modesto apartamento que habitava antes de
transferir-se para o Palácio Apostólico, a residência oficial do Santo
Padre.
Um Sumo Pontífice que, em uma de suas primeiras catequeses, ao ver uma criança com câncer, fez o sinal da cruz também no ursinho que ela portava, demonstrando, com isso, que um Papa também é capaz de dobrar-se para entrar no universo dos pequenos – tal gesto levou um jornalista judeu a mudar os seus conceitos. Um papa que escolheu ser simplesmente Bento, o santo que, no silêncio de um mosteiro, devolveu à Europa a identidade perdida. O pastor que, considerando-se no fim de sua peregrinação terrestre, afirmou, em 2012, que uma certeza o motivava a ir adiante: “Deus é, Deus está”.
Um Sumo Pontífice que, em uma de suas primeiras catequeses, ao ver uma criança com câncer, fez o sinal da cruz também no ursinho que ela portava, demonstrando, com isso, que um Papa também é capaz de dobrar-se para entrar no universo dos pequenos – tal gesto levou um jornalista judeu a mudar os seus conceitos. Um papa que escolheu ser simplesmente Bento, o santo que, no silêncio de um mosteiro, devolveu à Europa a identidade perdida. O pastor que, considerando-se no fim de sua peregrinação terrestre, afirmou, em 2012, que uma certeza o motivava a ir adiante: “Deus é, Deus está”.
O Sucessor de Pedro que usou um relógio
cobiçado por colecionadores mas que, para ele, tinha um valor que não poderia
ser calculado por eles: era o relógio de sua irmã, a qual, em seu leito de
morte, ofereceu-lhe esta lembrança. Um Papa que, pouco antes de ser eleito, por
causa de sua doação à Igreja, não tinha tempo de fazer algo que gostava: passear
por Roma. “Eu gostaria de ter uma qualidade de vida mais leve. Eu raramente
consigo chegar até a cidade”, disse.
Ele, apesar de ter feito tanto, não
hesitou em sair de cena para que a Igreja pudesse seguir adiante, mesmo que isso
lhe custasse a falta de reconhecimento de muitos católicos sem memória.
Bento XVI foi alguém que viveu uma
humildade por vezes não captada pelas potentes câmeras de televisão, mas
demonstrou aquilo que, um dia, o profeta fez questão de frisar: “Convém que
Cristo cresça e eu diminua”.
Rezamos por ti, Bento XVI, nosso Bento
XVI.
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